quinta-feira, 2 de julho de 2009

Monólogo de uma célula da moda

Tenho sorte de nascer no meu tempo, tenho sorte sim! Repare como minha maquinaria é complexa, como arrumo respostas práticas para tudo. Minha mitocôndria queima McDonalds, meu metabolismo anseia por gordura trans.

Enquanto meus antepassados esperavam pelo sucesso na caça para conseguir energia, eu “vivo o que é bom” a todo momento, e não adianta dizer que a propaganda da Coca-Cola me influenciou! Mas se você imagina que, por ganhar alimento a todo tempo, deixo de guardar o excesso... ah! Você está muito enganado. Quanto mais, melhor... e tenho dito! Meu mundo é capitalista e não posso perder nada.

Não posso perder tempo, já que tempo é dinheiro. E dinheiro é ATP... não pretendo gastá-lo, já que tenho preguiça. E essa preguiça me mobiliza a todo tempo. Sim, ela me mobiliza a procurar formas de me manter tranqüila... não quero trabalhar demais, a não ser para acumular! Afinal, tenho tecnologia para me substituir e não é nada difícil encontrá-la.

Repare só nas minhas proteínas preferidas: a FORD e a TOYOTA! Como elas facilitam minha vida! Regulam a transcrição de genes para minha locomoção e, assim, eu não preciso nem mesmo andar um quarteirão!

Depois eles dizem que a gente deveria levar uma vida mais saudável! Coitados... não sabem o que é bom. Imagine só meu médico! Ele só sabe dizer que estou engordando e que isso trará milhões de problemas. Mas eu não quero mudar... não mesmo! Minha casa tem hiperglicemia e, mesmo assim, continuo tão viva quanto antes.

Mas eu não mudo mesmo é por causa de uma coisa: esse meu genótipo! Meu genótipo é temporal, é conseqüência dessa época brilhante. Aliás, ele é minha própria época! Minhas gordurinhas a mais são meros desvios circunstanciais...

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